Octavio Brandão 1977

terça-feira, 16 de abril de 2024

Ciclo de Palestras 2024 do CCOB

Estado de Exceção

Dia 27/04, sábado, às 16:00 h.

Palestrante: Prof. Ricardo Augusto dos Santos


Ricardo Augusto dos Santos é doutor em História pela UFF, pesquisador da Fiocruz e professor da UERJ.

"O ponto de partida é um exame do conceito Estado de Exceção. Não negamos a validade das pesquisas realizadas nos últimos anos, mas alertamos que existe uma ausência nos trabalhos. Não localizamos a categoria Classes Sociais nos artigos e livros escritos sobre o assunto. Contudo, ainda observamos uma segunda lacuna nessas reflexões. Elas não estão amparadas em exemplos históricos. E, sem investigação de casos concretos, não existe ciência. Quase todos os estudos definem Estado de Exceção como a suspensão de direitos pela ordem política. Uma privação dos direitos provocada pela necessidade de controlar a ordem pública ou defender-se de uma ameaça externa. No entanto, a retirada de direitos não constitui um fenômeno extraordinário nas sociedades modernas."

CCOB: Rua Francisco Neiva 37, esquina com rua Domingos de Magalhães, Maria da Graça, próximo da estação do Metrô.

segunda-feira, 11 de março de 2024

As Mentiras da Globo e Companhia Sobre a Palestina

CICLO DE PALESTRAS 2023

Dia 16/03, sábado, às 16:00 h.

Palestrante: Professor Philippe Ramez 

Professor Ramez P. Maalouf

Já são 150 dias do genocídio em Gaza que ultrapassa 30 mil mortos e a mídia oculta, dissimula e mente de forma sistemática sobre o holocausto em curso contra o povo palestino.
Desmascarar esta campanha sórdida da mídia anglo-sionista é tarefa indispensável nesse momento.
O professor Ramez P. Maalouf, doutor em geopolítica pela USP e especialista em Oriente Médio e nos conflitos Árabe-israelenses, dará uma palestra contextualizando os eventos ocorridos a partir da ação da resistência palestina em 07/10/2023.
A atividade servirá também para discutirmos sobre a campanha de solidariedade política e material à resistência palestina.

Divulguem e compareçam!



CCOB: Rua Migel Ângelo, 120, entrada pelo portão da rua Francisco Neiva 37, esquina com rua Domingos de Magalhães, Maria da Graça, próximo da estação do Metrô.



terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Confraternização de final de ano do CCOB



Teremos música ao vivo com Denis Eloy e Marcus Vaz no  quintal do CCOB animando nossa tradicional confraternização dos aniversariantes de dezembro e do encerramento do ano . Venha e traga os amigos!


NESTE SÁBADO, 16/12,

 A PARTIR DAS 13 HORAS.

    Colaboração para o churrasco: R$ 20,00 (bebidas à  parte)


CCOB: Rua Miguel Ângelo, 120, esquina com rua Domingos de Magalhães, próximo ao Metrô de Maria da Graça.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Desocupação do Pinheirinho, a Justiça tem Lado.

CCOB  20 ANOS!

CICLO DE PALESTRAS 2023

Dia 25/11, sábado, às 16:00 h.

Palestrante: Mário Montanha 



Mário Montanha Teixeira Filho é ex-coordenador do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Estadual do Paraná e membro da Coordenação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário. Autor do livro "Desocupação do Pinheirinho, A Justiça tem Lado".

O livro de Mario Montanha aborda a desocupação criminosa do assentamento Pinheirinho, localizado na Zona Sul de São José dos Campos (SP), ocorrida em 22 de janeiro de 2012, durante o governo Geraldo Alckmin. No assentamento moravam mais de oito mil pessoas desde 2004. A ação truculenta de reintegração de posse, executada pela polícia militar, sob o patrocínio do Judiciário paulista, no que ficou conhecido como “O Massacre do Pinheirinho”, resultou numa crise social e humanitária gigantesca na região.

"Mulheres grávidas foram agredidas por policiais mesmo sem demonstrar resistência. Crianças em pânico, velhos desesperados. Guerra contra os pobres. Um morador levou um tiro de arma de fogo, outro entrou em estado de choque, mais de 500 relataram abusos policiais e muitos disseram ter sido atingidos indiscriminadamente por balas de borracha. Uma família vizinha ao Pinheirinho denunciou ter sofrido abuso sexual e violência física por parte de policiais da Rota durante a desocupação.

O aposentado Ivo Teles dos Santos foi espancado por três policiais militares. Com traumatismo craniano, ele nunca conseguiu se recuperar e morreu no dia 9 de abril, ainda hospitalizado. Outro morador, Antonio Dutra Santana, foi atropelado e morto por uma motorista que perdeu o controle do carro após ser atingida por uma bomba de efeito moral.

Demolidas as casas, igrejas, lojas e tudo o mais, o terreno segue vazio, agora coberto de mato. Governador à época, Geraldo Alckmin era, portanto, o comandante da PM de São Paulo. Foi sob suas ordens que a polícia cometeu o verdadeiro show de violências imposto aos sem-teto." (https://jornalistaslivres.org/10-anos-do-massacre-do-pinheirinho-cometido-pela-pm-de-geraldo-alckmin/)

A obra de Mário Montanha demonstra claramente que a Justiça não é neutra e tem lado: o do poder econômico. Compareça a esse importante debate!


CCOB: Rua Francisco Neiva 37, esquina com rua Domingos de Magalhães, Maria da Graça, próximo da estação do Metrô.

sábado, 21 de outubro de 2023

As Ligas Camponesas do Partido Comunista (1928-1954)

CCOB  20 ANOS!

CICLO DE PALESTRAS 2023

Dia 28/10, sábado, às 16:00 h.

Palestrante: Prof. Leonardo Santos

Prof. Leonardo Santos

Lonardo Santos é professor da UFF, graduado em História pela Universidade Federal Fluminense (2003), onde realizou também seu mestrado (2005) e doutorado (2009) em História Social. Suas pesquisas versam basicamente sobre as relações entre o espaço rural e urbano e suas implicações em termos de políticas públicas e configuração de grupos sociais. Autor do livro "As Ligas Camponesas do Partido Comunista do Brasil (1928-1954)".


CCOB: Rua Francisco Neiva 43, esquina com rua Domingos de Magalhães, Maria da Graça, próximo da estação do Metrô.

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Jornadas de junho de 2013

Dez anos depois, qual o balanço?




CCOB DEBATES CONVIDA

NESTE SÁBADO,  30/9, ÀS 16:00 h.

Passados dez anos das "Jornadas de Junho", como ficaram conhecidos os protestos ocorridos em junho de 2013, o distanciamento nos permite  fazer uma avaliação dos eventos e seus desdobramentos com mais equilíbrio e rigor.  O CCOB convidou quatro debatedores, refletindo posições diversas, para aprofundarmos esse necessário balanço sobre a última onda massiva e generalizada de protestos ocorridas em nosso país.


Com a presença dos seguintes debatedores convidados:

Antony Devalle, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro.

Jaime Santiago, metalúrgico aposentado, ex-presidente da CUT-RJ.

Julio Vieira, bancário aposentado, diretor do CCOB.

Marco Pestana, doutor em história pela UFF, leciona no Departamento de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense (UFF).


Antony Devalle


Jaime Santiago


Julio Vieira



Marco Pestana


CCOB: Rua Miguel Ângelo 120, esquina com rua Domingos de Magalhães, Maria da Graça, próximo da estação do Metrô.


domingo, 10 de setembro de 2023

CCOB 20 ANOS!

O Centro Cultural Octavio Brandão faz aniversário em setembro e convida seus associados e amigos para a comemoração no próximo sábado, 16/09, a partir das 16 hs.

Programação

Palestra :

50 anos do Golpe no Chile, com Waldo Mermelstein (1)

Entrega da Medalha Octavio Brandão:

Dionysa Brandão (2)José Brás (3);  Maria José Lourenço (4)

Música ao vivo com Cayê Milfont, interpretando: Taiguara, Chico Buarque, Milton Nascimento e Flávio Venturini.


(1) Waldo Mermelstein,



é tradutor aposentado, militante socialista desde 1973. Militou na Chile, Argentina, Bolívia e em várias cidades do Brasil. No Chile chegou aos 19 anos, ao final de 1972, tendo militado no Movimento de Esquerda Revolucionário (MIR). Após o golpe, foi para a Argentina onde participou da fundação da Liga Operária, que posteriormente deu origem à Convergência Socialista, PSTU e Resistência PSOL , à qual está vinculado.

(2) Dionysa Brandão, nasceu  em 10 de agosto de 1925, filha de Laura Brandão e Octavio Brandão. Em 18 de junho de 1931, Dionysa foi deportada pelo governo Vargas para Alemanha, junto com seus pais e irmãs. Da Alemanha seguiram para a União Soviética, onde permaneceram exilados até o fim da Segunda Guerra Mundial.

Dionysa Brandão

Durante a guerra, aos 16 anos, Dionysa foi mobilizada para uma frente de trabalho, formada por brigadas de jovens empenhados na escavação de trincheiras ao redor de Moscou, ameaçada pela aproximação das tropas nazistas. Sob condições duríssimas, frio extremo e parca alimentação, as tarefas foram cumpridas a tempo.

Retornou ao Brasil  em primeiro de novembro de 1946,  aos 21 anos, com o pai e sua irmã caçula Valná. Sua mãe Laura, falecera no exílio, em 1942, vítima de um câncer, suas duas outras irmãs, Sattva e Vólia, permaneceram na União Soviética. 


Octavio Brandão, Laura e as três filhas no navio a caminho do exílio.

No Brasil trabalha e estuda, cuida da irmã que contraiu tuberculose, consegue aprovação em concurso público, casa e tem quatro filhos, que irá criar sozinha após a separação do marido. Uma vida de lutas e dificuldades não esmoreceram Dionysa. Encontra forças e segue a vida, cuida do pai que vem morar com ela após os anos de clandestinidade impostos ao veterano comunista pelo golpe de 1964.

Após o falecimento de Octavio Brandão, Dionysa torna-se a principal batalhadora pelo resgate de sua memória e também da sua mãe, a poetisa Laura Brandão. Foi responsável pela guarda e organização dos arquivos do seu pai, posteriormente doados ao Arquivo Edgard Leuenroth, onde está disponível para estudantes e pesquisadores. Nos anos noventa, Dionysa editou os livros, "As Forças Encadeadas" e "Poesia Laura e Octavio", coletâneas de poemas dos seus pais.



Dionysa Brandão participa e incentiva o Centro Cultural Octavio Brandão desde sua fundação em 2003.


(3) José Braz Silva de Oliveira, nasceu em 20 de setembro de 1954, carioca da Vila, negro 100%, morador do Morro dos Macacos, torcedor do Fluminense e da escola de samba Unidos de Vila Isabel. Em 1974 começa a trabalhar em gráfica, alguns anos depois, quando era operário gráfico na Praça da Bandeira, toma contato com a organização de esquerda Convergência Socialista (CS), através do eletricitário Ney Nunes. Nessa época, os dois frequentavam o mesmo boteco, o saudoso “Bar do Antônio”, na esquina da rua Silva Pinto com Av. Vinte e Oito de Setembro. Logo travaram amizade e, entre uma cerveja e outra, batiam papo sobre futebol, samba, a situação dos trabalhadores e do país. Braz que era leitor assíduo do JB e do "Voz da Unidade" (jornal do PCB), passou a receber regularmente também o jornal da Convergência.

José Braz


 
Após seguidas aproximações com esta organização, em 1984, quando a mesma ainda estava girada para o setor estudantil, Braz participou da maior campanha política da história do país (as Diretas, já!). Somente após a volta da CS ao movimento sindical, em 84, Braz ingressa na CS. Também nesse período, Brás fazia o curso de História na extinta Faculdade de Humanas do Pedro II (FAHUPE, em São Cristóvão), uma iniciativa até hoje difícil de achar em trabalhadores operários e mais proletarizados, de buscar a conclusão de um curso superior. Entretanto, enfrentando dificuldades e ajudando sustendo no sustento da família, Braz não conseguiria concluir o curso. 

Em 1985, foi um dos organizadores da chapa de oposição aos pelegos do sindicato dos gráficos, visando retomar um sindicato que fora de luta no início dos anos vinte e trinta. Infelizmente, a ausência de um volume maior de campanha, fez com que a oposição perdesse a eleição sindical, na melhor oportunidade que teve.

Braz seguiu militando na categoria, ajudando a construir a célula da CS de operários gráficos. Em 1988, uma nova oportunidade de eleições se configurou, mas dessa vez, os pelegos ganharam com folga, em um pleito tumultuado, houve enfrentamento de militantes da CS com a PM onde ocorreram prisões. Braz não esmorece, em 1989 participa ativamente da greve geral.

Por causa dessa eleição, Braz ficaria definitivamente queimado pela patronal e não arrumaria mais emprego na categoria. Seria somente contratado em 1990 pelo sindicato dos bancários para trabalhar na gráfica da entidade na Penha. Nela, um acidente de trabalho, quase lhe custou um dedo. José Braz acabaria saindo do sindicato pelo fato do mesmo passar a ser dirigido pela corrente Articulação Sindical, no início dos anos noventa, que passou a perseguir os militantes identificados com a Convergência Socialista.


Sede histórica do sindicato dos Gráficos do Rio de Janeiro


Em 1994, Braz chegou a passar no concurso de gráfico do TJ/RJ, mas por um problema da entrega da correspondência, perdeu a oportunidade, Nesse ano, se somaria na fundação do PSTU, onde militou até 1998, saindo juntamente com seus camaradas da Tendência Proletarizar Internacionalizar(TPI). Em 1995, mesmo fora temporariamente da categoria gráfica, foi o articulador da chapa de oposição. Pelo seu papel dirigente sofreu um grave atendado, foi atropelado à noite nas proximidades do sindicato por capangas ligados aos pelegos, tendo que ser internado no Hospital Souza Aguiar e depois transferido para o IASERJ, onde foi operado, ainda assim, ficou com sequelas.

Recuperado, anos depois, Braz trabalhou no sindjustiça e depois passaria no concurso da Casa da Moeda e. participou no início dos anos 2000, na formação do Cine Clube operário, que acontecia no sindicato dos borracheiros da Penha, que mais tarde originaria o Centro Cultural Octávio Brandão. José Braz finalmente se aposentou da Casa da Moeda, mas, momo muitos militantes da sua geração, José Braz, o popular “Brazuca”, não se aposentou da luta pela emancipação do proletariado, pelo contrário, nos últimos anos participou ativamente das mobilizações contra as reformas trabalhista e da previdência.


(4) Maria José Lourenço, nascida no ano de 1945 é carioca da Vila da Penha, iniciou sua militância política nos anos sessenta. Zezé, como era conhecida, fez parte do jornal "O Sol", um encarte cultural do "Jornal dos Sports", o cor de rosa.


Zezé (sentada ao lado do marido) recebendo a visita da delegação do CCOB.

Nessa publicação, Zezé conviveu com a primeira esposa de Caetano Veloso, Dedé Gadelha e com Otto Maria Carpeaux, filósofo austríaco, autor do clássico História da Literatura Ocidental e ativo participante dos protestos estudantis da segunda metade da década de 60.

O Sol seria cantado por Caetano Veloso, no 3º Festival da Record de 1967, na canção "Alegria, Alegria", que seria o primeiro grande sucesso do compositor baiano e arrebataria a consagração popular com o quarto lugar no festival.

Estudante de Comunicação Social da UFRJ , Zezé e seu companheiro de O Sol e curso, Jorge Pinheiro, ingressam no Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), o primeiro grupo que tentou implantar um foco guerrilheiro na Serra de Caparaó, Minas Gerais, em 1967, tentativa esta fracassada.

Zezé no MNR, um grupo de posições nacionalistas burguesas, ligado a setores militares que resistiam ao Golpe de 1964, era responsável pelo setor de comunicação com os presos políticos. Após, o AI-5, avisada que estava na iminência de ser presa, ela se exilou.

Durante o exílio no Chile, em uma conjuntura que culminou com a eleição do socialista Salvador Allende em 1970, Zezé se aproximou de um grupo de brasileiros lá exilados (o próprio Jorge Pinheiro, Túlio Roberto Cardoso Quintiliano ex-PCBR, Ênio Bucchioni ex Ação Popular, Jones de Freitas e Valderez Duarte). Através do conceituado crítico de arte Mário Pedrosa, o grupo conheceu trotskistas como o americano Peter Camejo (que seria candidato à presidente da República dos EUA em 1976) e o grande líder camponês peruano, Hugo Blanco.

Via estes, chegou-se ao argentino Nahuel Moreno. O argentino desenvolvia um duro debate no interior da IV Internacional, com o economista belga Ernest Mandel, por causa da linha desenvolvida pela maioria da Internacional de estimular as seções nacionais a constituir focos de guerrilha. Essa linha levou a destruição de dois partidos fortes: na Argentina, o PRT (Combate) dirigido pelo uruguaio Mário Santucho e o POR (Gonzales) na Bolívia.

Moreno também desenvolvia na Argentina a mesma discussão com outro grupo de brasileiros, a Fração Bolchevique Trotskista (FBT), de Júlio Tavares e Arnaldo Schreiner. Com as prisões de todos os militantes da FBT, no início de 1972, Moreno se concentrou no grupo que estava no Chile.

O grupo autodenominado Ponto de Partida, acabou se bifurcando em dois, Ponto de Partida 1 (que opinava que o centro era a intervenção no processo brasileiro, mesmo de fora do país, onde ficou Túlio Roberto Quintiliano e Ênio Bucchioni) e Ponto de Partida 2 (onde ficou Jones de Freitas, Zezé e Jorge Pinheiro), que opinava que o centro era a intervenção no processo chileno.

Apesar de o grupo estar dividido, os dois coletivos seguiam discutindo intensamente e próximos. Nesse período, se aproximou dos Pontos de Partida, o estudante gaúcho da universidade do Chile, Waldo Mermelstein, que atuava no MIR. 

Zezé arrumou emprego no Cordão Industrial de Vikuna Makena,, em uma fábrica de botões. Este cordão era vanguarda no aparecimento de organismos de poder dual no processo chileno.

Em 1973, os dois Pontos de Partida se unificaram. Mas veio o Golpe, em grande medida pelas vacilações do governo de frente popular de Allende, que chegou a colocar, 16 dias antes do dia 11 de setembro, o general Augusto Pinochet, como militar legalista. Além de repressão de greves, o PCCh, que compunha o governo fazia uma campanha contra os estrangeiros (cinco mil brasileiros estavam exilados no Chile, no período), apontando como responsáveis por atos de terrorismo.

Com o Golpe, Túlio Roberto Cardoso Quintiliano foi detido no Estádio Nacional do Chile, assim como Ênio Bucchioni. Túlio, que também atuava no Movimento de Esquerda Revolucionário (MIR), desapareceu no estádio, sendo um dos oito brasileiros que perderam a vida no processo revolucionário do Chile. Ênio ficou três meses presos e foi expulso do país para a França, indo depois para Portugal, onde participaria do processo da Revolução dos Cravos.

Jones de Freitas foi para o Canadá. Zezé escapou por causa de um companheiro norte-americano que exigiu um salvo conduto para ele e para sua companheira, sem especificar e identificar quem era ela. Exilados na Argentina, Zezé, Jorge Pinheiro e Waldo formaram em final de 1973 a Liga Operária. Em 1974, discutiram com Moreno o retorno ao Brasil. Waldo foi o primeiro a voltar.

Em 1975, após uma fase de acúmulo inicial, a Liga Operária ia se fundir com os dois remanescentes da FBT, Júlio Tavares e Arnaldo Schreiner e chegava a 50 militantes. Em 1976, a LO contava 100 militantes, nesse período entra Celso Brambilla, operário da Mercedes. 

Zezé foi a principal dirigente partidária dessa fase. Com as prisões e torturas de três militantes estudantis, Celso Brambilla, Márcia Basseto Paes e José Maria de Almeida, em 1977, retomaram as ações de ruas do movimento estudantil. Nesse período também a LO faria entrismo no jornal cultural "Versus".




Em janeiro de 1978, a LO lança do Movimento Convergência Socialista, na primeira reunião pública da esquerda, depois do AI-5. Em março desse ano, a LO passaria a se chamar Partido Socialista dos Trabalhadores (PST) e o MCS fez o chamado para um partido socialista de massas. As greves voltaram ao cenário em maio desse ano e em agosto o MCS fez nova reunião pública, em São Paulo, com 1200 presentes.

A repressão deu a resposta à ação legal do MCS e prendeu 24 militantes da direção do PST, incluindo Nahuel Moreno. Ocorreu uma campanha internacional para salvar a vida de Moreno. Zezé foi uma das 24 presas. Ao final de 1978, já com o fim do AI-5, os presos do MCS foram libertados.

As prisões de agosto levaram a uma crise interna ao MCS, no momento em que o mesmo lançou a proposta de fundação do PT, no início de 1979 e a campanha de solidariedade à Brigada Simon Bolívar na Revolução Nicaraguense.

A crise só terminou em outubro de 1979, onde se conformou a Fração Unitária de Reconstrução Partidária (FURP) e que levou à desmoralização centenas de militantes, fora quadros da direção nacional, e a redução do tamanho da organização a menos da metade, que tinha no ano anterior. Júlio Tavares e parte da FURP saíram da organização. Júlio depois iria para a DS.

 A nova direção que saiu do congresso da organização (que passou a se chamar Convergência Socialista) era de síntese entre as frações, tendências e grupos de opiniões do congresso. Formou-se um novo eixo de direção (Ronaldo Eduardo Almeida, que tinha sido da FURP, assim como Valério Arcary e Ênio) Zezé, que era a dirigente da tendência majoritária, passou a ajudar Moreno nas tarefas de conformação de um novo agrupamento internacional, depois da ruptura definitiva com os mandelistas.

Esse processo de um novo agrupamento internacional (após uma breve aproximação com a Organização Comunista Internacional (OCI) dirigida pelo francês Pierre Lambert), tomou um outro direcionamento com a capitulação da OCI à social democracia  na França, em 1981. Zezé ajudou a Moreno a fundar a Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT), no início de 1982.

A partir daí,em diversos processos de construção da organização brasileira, seja como CS, seja como Alicerce da Juventude Socialista, seja na retomada da CS, Zezé foi uma das principais dirigentes, no rico processo de lutas de classes que passou o país nos anos oitenta. Em 1991, com a discussão de combate à burocratização dos dirigentes partidários, Zezé foi uma das primeiras a se estruturar, passando no concurso do TJ/SP, onde se aposentou em 2005. Foi uma das fundadoras do PSTU em 1994, de onde sairia em 1998 acompanhando sua tendência interna, Novo Curso, e a correspondente fração internacional na crise da LIT.

O início dessa longa trajetória dessa grande militante é também contada no documentário "O Sol - Caminhando Contra o Vento" de Tetê Moraes e Martha Alencar, feito em 2005.


 

CCOB: Rua Miguel Ângelo, 120, esquina com Domingos de Magalhães, próximo da estação do Metrô de Maria da Graça.